A ideia de letramento, surgida no Brasil há pouco
mais de duas décadas, vem ampliar o conceito de alfabetização, que por muito
tempo reinou absoluto. Alfabetizar é fornecer instrumentos suficientes para que
o sujeito codifique e decodifique a realidade ao seu redor. Esse processo
mental, no entanto, não basta. Há que se promover a autonomia para que o
sujeito possa ler (o mundo), mas que também possa interpretá-lo,
ressignificá-lo, compreender o seu lugar no mundo intervindo. Eis o letramento.
Nessa esteira, o letramento digital é um conceito
que abrange exatamente as demandas da contemporaneidade, instrumentalizando os
sujeitos para que atuem com eficiência no espaço que se coloca como outra
realidade em nosso tempo, isto é, o mundo digital. Compreendendo que a
interatividade, o dialogismo das redes, a simultaneidade e multimodalidade
fazem cada vez mais parte da ordem do dia, faz-se necessário dar condições a
todo indivíduo vivenciar essas transformações como protagonista.
Assim, em todas as áreas, é necessário redefinir
valores e rediscutir conceitos. E a Educação tem sido atravessada pelo tema.
Inclusive porque o educador precisa abandonar o lugar sacramentada do saber que
residia apenas nos livros e enciclopédias. A realidade tem mostrado que a
interatividade, o mundo hiperlinkado, tem sido eficiente mediadora de saberes.
No ambiente, por excelência, colaborativo como é o mundo digital, algumas competências
e habilidades devem ser pontuadas para aquele que busca o letramento digital.
Eis algumas:
Reconhecer
os impactos das tecnologias e das transformações da sociedade como parte do
processo histórico;
Relacionar
as diferentes linguagens que compõem o mundo virtual e as transformações por
elas produzidas;
Compreender
as tecnologias como parte integrante da formação do homem contemporâneo.
Reconhecer
a importância da pesquisa incessante, do espírito cooperativo e da atitude
colaborativa.
Dessa forma, o letramento digital é um processo
constante, no qual procuro me inserir. Na condição de professor, a atualização
e o estudo permanente precisam me mover para que eu continue oferecendo algo
mais para os educandos. Mas, reconheço, é preciso nos despir de uma série de
certezas, crenças e resistências para mergulhar mais profundamente na
virtualidade da cultura digital, pois qualquer recurso que possa facilitar a
mediação entre o conceito e o mundo real, entre o conhecimento técnico e sua
aplicabilidade real, já enriquece o processo de ensino-aprendizagem. Um
professor competente para o mundo digital tem a possibilidade de oferecer
outras vivências aos educandos de forma a dar mais sentido à sua realidade.
Rafael,
ResponderExcluirJá li muito sobre letramento digital em português e inglês, mas nunca havia lido algo com tamanha propriedade e objetividade sem perder, no entanto, a essência e a complexidade do tema.
Tenho a certeza que com suas reflexões. conhecimentos e competências linguísticas que você já possui, todo este nosso processo juntos será transformador! Mais uma vez, você me toca com o poder da palavra e expressão.
Concordo com a Carla quando ela diz que você nos toca com o poder da palavra e da expressão. Já tinha lido o seu texto na quinta-feira mas ao ler novamente tive um novo sentimento e me deu mais vontade de mergulhar neste mundo da tecnologia . Parabéns! SANDRA
ResponderExcluirMuito interessante a abordagem, Rafa! Você tem o dom de prender seus leitores.
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